segunda-feira, 25 de maio de 2009

POR ONDE ANDA O COITADO DO UM CENTAVO? (SÉRIE CONTOS DE BUZÚ - I)

Dizem que quem costuma jogar dinheiro fora, não está gozando de seu juízo normal. Pois então, tem gente que anda jogando dinheiro pela janela. Você poderia pensar, não se trata de um louco, ou apenas um homem muito rico que desejava realizar um ato de caridade, ou uma experiência, testando a reação das pessoas, etc., mas não me pareceu o caso, por o ato em questão ter sido realizado por um cobrador de ônibus. Estava retornando à cidade de uma viagem que fiz ao interior numa sexta-feira, quando entrei num ônibus e paguei a passagem com algumas moedas, dentre estas, algumas de um centavo. Então me veio a surpresa, quando o cobrador me disse que aquele dinheiro havia saído de circulação. Por um rápido instante pensei: Será? Acho que pelo fato do coitado do Um centavo andar tão sumido, estão esquecendo que ele existe. Ainda tentei questionar, explicar que aquilo não era verdade, mas ele estava relutante. O engraçado é naquela mesma semana eu havia pagado um outro transporte (não ônibus dessa vez, mas o navio), e a atendente do guichê não só aceitou as moedas de um centavo que usei para o pagamento, como me agradeceu muito, ao utilizar moedas para facilitar o troco, pois devido a escassez delas, eram consideradas para ela como ouro. Bem, voltando ao ônibus, o cobrador, que demonstrava muito estresse, disse-me que não ia aceitar aquelas moedas, mas eu me neguei a dar outras, mesmo trazendo comigo moedas de outros valores. Se eu assim o fizesse, resolveria parcialmente o problema, mas ele continuaria desrespeitando o direito do cidadão. Muito irritado com a minha recusa, o ignorante cobrador jogou as moedas de um centavo pela janela, deixando perplexo. Na verdade, o que aconteceu com a moeda de um centavo é que ela deixou de ser emitida desde 2004, por conta de seu baixo valor, de seu alto custo de emissão e pela sua baixa circulação. Apesar disso, a moedas ainda circulantes continuam valendo o seu valor de face. Depois daquela cena lamentável, não quis mais prolongar aquela conversa, que, percebi, não levaria a lugar nenhum. Sentei-me e o ônibus seguiu viagem. Durante o trajeto de volta para casa, fiquei pensando no assunto. É triste perceber como existem pessoas tão desinformadas e mal-educadas em nossa sociedade. Pelo menos eu pude constatar por onde anda as moedas de um centavo: nos chãos das ruas, nos cantos das casas, nos fundos das gavetas, justamente por causa de pessoas como este cobrador.